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Os prós e contras dos principais métodos contraceptivos

Os prós e contras dos principais métodos contraceptivos

De acordo com a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) a anticoncepção consiste na utilização de métodos para impedir que a relação sexual resulte em gravidez. Esses métodos costumam ser divididos entre reversíveis e irreversíveis. 

Vamos entender mais sobre cada um deles? 

Mas, antes de adentrar este assunto, além de ressaltar a importância dos métodos contraceptivos, é fundamental falarmos um pouco sobre os impactos fisiológicos, psicológicos e sociais de uma gravidez não planejada.

Uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca da FIOCRUZ (Fundação Oswaldo Cruz) revela que aproximadamente 55,4% das brasileiras não planejaram sua gravidez e que em 36% dos casos de gestação não planejada, o bebê pode nascer prematuro, com baixo peso ou até ir a óbito, tendo em vista que 60 a 80% de gravidezes não planejadas acontecem na adolescência. 

E não para por aí! O risco de a mulher desenvolver transtornos psicológicos como ansiedade e depressão é dobrado, assim como as chances de usar substâncias ilícitas, cometer atos de violência ou abandono e, até mesmo, de perder a vida devido às complicações na gestação ou no parto.

Escolha do método ideal

O primeiro passo é decidir que usará um método contraceptivo e o segundo é ir a uma consulta ginecológica para descobrir qual é o mais adequado. Geralmente, a informação levantada pela maioria dos médicos é se a paciente pretende engravidar. Em casos positivos, a pergunta seguinte é se possui uma previsão para isso. 

Nos casos em que a paciente não tem planos de ter um bebê em breve, são recomendados os LARCs (Long-acting Reversible Contraceptives), ou seja, métodos contraceptivos reversíveis de longa duração. 

Esses métodos são efetivos, possuem taxas altas de satisfação e são menos abandonados pelas usuárias, ao contrário das pílulas anticoncepcionais, que têm um índice de falha de 8% ao ano e ainda o fator esquecimento.

A escolha pelo método contraceptivo ideal é bastante subjetiva, mas não torna a orientação de um ginecologista dispensável e sabe por quê? 

Nem sempre o método idealizado pela paciente pode ser utilizado, visto que existem algumas características clínicas que podem contraindicar seu uso. Porém, essas informações também serão levantadas durante a consulta e todos os métodos disponíveis serão apresentados, bem como suas características, riscos e benefícios, modo de uso e, eficiência, que por sua vez está diretamente relacionada ao grau de comprometimento da paciente com a escolha.

Principais Métodos Contraceptivos

Camisinha

Quem nunca ouviu falar, não é mesmo?

A camisinha, que pode ser masculina ou feminina, é considerada bastante segura, já que evita a gravidez, previne DSTs (Doenças Sexualmente Transmissíveis) e, além de tudo isso, é livre de hormônios e pode ser utilizada somente no momento da relação sexual. 

Como nada é perfeito, há também os “contras” desse método. Por exemplo, quando usada incorretamente, a camisinha pode romper ou sair durante a relação sexual, ocasionar irritação ou reação alérgica devido ao látex e, até mesmo, diminuir a sensibilidade durante a relação sexual.

Anticoncepcional

A maioria das mulheres com certeza conhece esse método, não é à toa que ele está no topo da lista dos contraceptivos mais utilizados. Dados da FEBRASGO mostram que 100 milhões de mulheres utilizam pílula anticoncepcional e, que somente no Brasil, ela é usada por 27% das mulheres em idade fértil.

O motivo da sua grande popularidade é que, desde a década de 1960, os AOCs (Anticoncepcionais Orais Combinados) têm sido amplamente estudados em todo o mundo, tanto é que existem diversos estudos publicados, cujo tema central é a rápida evolução deste método contraceptivo.

A contracepção acontece porque a pílula é composta por hormônios que atuam inibindo a ovulação, que no caso é a principal ação para impedir a gravidez. Mas, nem sempre o anticoncepcional é utilizado somente para essa finalidade. Um estudo baseado em dados do governo americano da NSFG (National Survey of Family Growth – Pesquisa Nacional de Crescimento Familiar) revela que após a prevenção da gravidez, os motivos mais comuns pelas quais as mulheres usam a pílula anticoncepcional são:⠀

  • Cólicas ou dores menstruais (31%);
  • Menstruações irregulares ou alterações menstruais (28%);
  • Acne ou outros problemas de pele (14%);
  • Sintomas hormonais não especificados (11%);
  • Endometriose (4%).

Lembra que falamos sobre o fator esquecimento? Pois é! Para as mulheres que não conseguem manter uma constância, definitivamente a pílula anticoncepcional não é a melhor alternativa, visto que exige que a cartela seja seguida à risca para realmente ser eficaz.

Em algumas mulheres os anticoncepcionais desencadeiam alguns efeitos colaterais, entre eles: inchaço, diminuição da libido, sangramento genital irregular, dor de cabeça e, em alguns casos específicos, trombose. Por isso, o ideal é que a ingestão não seja indiscriminada, não consentida e sem acompanhamento médico. 

DIU

O DIU (Dispositivo Intrauterino) atualmente também é um dos métodos contraceptivos mais utilizados pelas mulheres e as duas variações mais populares são: cobre e hormonal.

 O DIU Hormonal, também conhecido como Mirena, é feito de um material macio em um formato de T e libera o hormônio Levornogestrel em doses baixas diretamente no útero por cinco anos. 

Assim como a pílula, a principal indicação desse DIU é para prevenir a gravidez, porém pode ser prescrito pelo ginecologista para tratar pacientes com sangramento uterino anormal e prevenir doenças como hiperplasia e câncer de endométrio, visto que promove o afinamento (atrofia) endometrial e reduz ou cessa o sangramento menstrual.

Os prós é que o DIU Hormonal tem uma eficiência contraceptiva bastante alta (99.8%), é um método reversível, ou seja, quando a mulher o remove pode ter sua fertilidade reestabelecida em pouco tempo, além disso, ele não inibe a ovulação na maioria das pacientes, por isso não altera os níveis endógenos de estrogênio produzido pelos ovários, bem como os níveis de testosterona livre das mulheres, mantendo todas as fundamentais funções desses hormônios no organismo feminino.

Porém, as desvantagens são: o DIU Hormonal pode aumentar o fluxo menstrual, causar cólicas mais intensas e facilitar infecções que acometem o trato genital superior.

Já o DIU de Cobre consiste em uma estrutura metálica, que age como espermicida, impedindo o espermatozoide de chegar ao óvulo. O efeito acontece devido à liberação de íons de cobre que imobilizam o esperma que chega próximo do útero. 

Assim como o DIU Hormonal, o de cobre apresenta grande eficácia contra a gravidez, cerca de 99,6%. Entre outras vantagens estão sua longa duração de 10 anos; permite que a fertilidade seja retomada de forma rápida após sua retirada e pode ser utilizado no período de amamentação. Quanto aos “contras”, para algumas pacientes, o dispositivo aumenta o fluxo menstrual e pode causar cólicas e/ou sangramentos irregulares.

Implante Anticoncepcional

Você já ouviu falar em um tal de “Chip”?

O Implanon, nome dado ao Implante Anticoncepcional, libera uma pequena quantidade do hormônio feminino progestagênio etonogestrel, que promove o efeito anticoncepcional por um período de três anos. 

Trata-se de um pequeno bastão de 4 cm, que é inserido no braço logo abaixo da pele e atua inibindo a ovulação, alterando o movimento das trompas e deixando o muco do colo uterino espessado, o que dificulta a passagem dos espermatozoides. 

Por não possuir estrogênio, o Implanon possui poucas contraindicações, sua colocação é indolor, o risco de rejeição pelo organismo é mínimo e, é considerado uma boa escolha, principalmente para mulheres que não desejam engravidar em breve; que estão no pós-parto, inclusive amamentando; para fumantes, hipertensas, diabéticas e pacientes que não podem usar estrógenos ou que tenham história clínica de trombose.

Injeção

Esse método é muito semelhante à pílula, mas no caso, os hormônios são injetados mensalmente ou trimestralmente. Assim como o anticoncepcional oral, possui efeitos colaterais, mas que muitas vezes não são sentidos por todas as mulheres. Porém, é detentor de algumas vantagens como: praticidade e bom índice de eficácia.

Anel Vaginal

O anel vaginal é um método contraceptivo hormonal combinado, que age suprimindo a maturação folicular e a ovulação. Uma das principais vantagens do anel é a facilidade de uso com apenas uma colocação mensal e, por fazer uma liberação gradual e controlada dos hormônios, evita grandes flutuações diárias nos níveis hormonais, controlando o sangramento anormal, por exemplo. Mas, não é recomendado para mulheres que também não podem consumir a pílula anticoncepcional. 

Métodos Contraceptivos Irreversíveis

Lá no começo do ARTIGO citamos os métodos contraceptivos definitivos ou irreversíveis, ou seja, que impedem permanentemente a mulher de engravidar. O mais conhecido é a Laqueadura, que consiste na ligadura das trompas de Falópio, que por sua vez inibe a fecundação ou a fertilização, impossibilitando a mulher de engravidar.  

Gostou desse ARTIGO?

Agora que você já conhece detalhadamente todos esses métodos contraceptivos, a última orientação é: use contracepção de emergência se necessário (pílula do dia seguinte). Lembrando que esse método não pode ser utilizado com frequência, mas somente em casos pontuais. 

No mais, se esse conteúdo foi útil para você, também pode ser para outras pessoas. Então, compartilhe com mais mulheres e nos ajude a promover a saúde e qualidade de vida, por meio da informação segura e de qualidade!

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Parto normal e cesárea humanizados: saiba como fazemos

Parto normal e cesárea humanizados: saiba como fazemos

Antes de falarmos sobre como fazemos nossos partos humanizados, é importante frisar duas coisas que consideramos fundamentais para um parto, seja normal ou cesárea, ser bem sucedido: bom senso e segurança. Conversar francamente com a gestante sobre seus desejos e expectativas com relação ao tipo de parto que deseja ter, expor os riscos e benefícios dessa escolha, levando-se em conta se a gravidez é de baixo ou alto risco, e, junto com a gestante e seu companheiro, tomar as decisões com bom senso e pensando sempre na segurança da gestante e do bebê, evitando expô-los a riscos desnecessários. 

Outro ponto importante é que frente a situações de risco para a gestante ou para o bebê durante o trabalho de parto ou durante o parto, sempre tomaremos decisões no sentido de preservar a vida e a integridade física de ambos (gestante e bebê).

Como são feitos nossos partos humanizados:

Parto Normal Humanizado

. Acompanhamento do trabalho de parto em salas de parto natural (Delivery Room) pela enfermeira obstetra até o parto pelo obstetra;

. Presença do acompanhante e da doula escolhidos pela gestante;

. Analgesia no momento oportuno ou quando solicitado pela gestante;

. Ambientação apropriada no momento do nascimento: som ambiente (ou silêncio) e pouca luz;

. Clampeamento oportuno do cordão umbilical (bebês que nascem vigorosos);

. Se o papai quiser, ele poderá cortar o cordão do bebê sob a orientação do obstetra;

. Contato pele a pele com a mamãe logo após o nascimento (bebês que nascem vigorosos);

. Amamentação na 1ª hora de vida (bebês que nascem vigorosos);

. Procedimentos e manobras obstétricas serão realizados sempre nos casos onde a vida e a integridade física da gestante e do bebê estiverem em risco, comunicando a gestante sobre a situação e com o seu consentimento.

Parto Cesárea Humanizado

. Presença do acompanhante e da doula escolhidos pela gestante;

. Ambientação apropriada no momento do nascimento: som ambiente (ou silêncio), as luzes dos focos são apagadas (ou afastadas) e o campo cirúrgico é abaixado para que a mamãe possa ver o nascimento do bebê;

. Clampeamento oportuno do cordão umbilical (bebês que nascem vigorosos);

. Se o papai quiser, ele poderá cortar o cordão do bebê sob a orientação do obstetra;

. Contato pele a pele com a mamãe logo após o nascimento (bebês que nascem vigorosos);

. Amamentação na 1ª hora de vida (bebês que nascem vigorosos);

. Respeitamos todas as sete camadas que devem ser cortadas durante a cesárea: pele, gordura, aponeurose, músculo, peritônio parietal, peritônio visceral e útero, cortando delicadamente e cuidado cada camada e suturando com o mesmo esmero, além da atenção com a hemostasia. Isso minimiza a dor do pós-operatório e diminui o tempo de recuperação pós-parto. Quando possível, utilizamo-nos da técnica de cesárea minimamente invasiva (técnica de Misgav-Ladach);

. Usamos cola biológica (Dermabond®), além do ponto intradérmico, para a sutura da pele. Isso ao mesmo tempo que protege a cicatriz, ajuda a prevenir a formação de cicatrizes alargadas e queloides.

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Entendendo o Chip da Beleza

Entendendo o Chip da Beleza

O “Chip da Beleza” está em alta, mas será que você conhece verdadeiramente a sua finalidade? Seria esta a terminologia mais correta a ser utilizada?

Se você se interessa pelo assunto, neste ARTIGO explicaremos qual é a finalidade do “chip da beleza” e por que ele se popularizou com esse nome.

O que tem acontecido por aí é uma sobreposição de duas informações, uma relacionada ao implante e outra ao chip, porém existe uma distinção que devemos abordar aqui. Realmente, existe uma tecnologia em desenvolvimento, disponível nos Estados Unidos, que é denominada como chip e tem a função de anticoncepcional.

No Brasil, erroneamente denominamos o implante de hormônio como “chip da beleza”. De forma clara: o implante é um tubo de silicone e o chip é uma tecnologia americana desenvolvida por uma startup, com a finalidade de se tornar uma das alternativas de contracepção mais utilizadas por mulheres que vivem em países subdesenvolvidos, porque possui uma duração de até 16 anos.

Afinal, o que é o Implante Hormonal e por que é chamado de “Chip da Beleza”?

O implante hormonal passou a ser chamado de chip da beleza por ter um possível efeito estético (de reduzir a gordura corporal, celulite, flacidez e favorecer o ganho de massa magra) e porque inicialmente foi divulgado por modelos, atrizes e influenciadoras com esta terminologia.

Mas, vale lembrar e informar para as mulheres que ainda possuem dúvidas, que o dispositivo é um implante hormonal desenvolvido originalmente para evitar a gravidez e, secundariamente, os desconfortos do ciclo menstrual, pois melhora a disposição e aumenta a libido (devido ao aumento natural da testosterona feminina), interrompe as menstruações, suavizando as cólicas e a TPM.

É possível que algumas mulheres notem melhoras na silhueta, porém tais efeitos benéficos são apenas consequência, ou seja, são considerados uma espécie de efeito colateral do tratamento com o implante hormonal.

Geralmente, a orientação especializada é que os hormônios não sejam utilizados especificamente para fins estéticos, tanto é que o CFM (Conselho Federal de Medicina) declara em nota, que tratamentos do tipo só devem ser feitos por razões médicas e quando o procedimento dispõe de comprovação científica. 

Ainda tem mais um fator complicado relacionado ao método: excetuando o implante de progestagênio, mais conhecido como anticoncepcional, os “chips da beleza” não são padronizados, o que dificulta estudos mais concretos sobre seus benefícios estéticos e possíveis efeitos negativos à saúde.  

Além das críticas

Apesar das críticas relacionadas ao dispositivo, alguns profissionais defendem que o problema não está no produto, mas no seu uso incorreto e indiscriminado, portanto, uma indicação médica criteriosa como alternativa de método contraceptivo, baseada em uma avaliação clínica e na realização de exames, é fundamental.

O Implante Anticoncepcional, propriamente dito, que muitos ginecologistas consideram um bom método contraceptivo, tem um formato de bastão, mede 4 cm e é inserido no braço logo abaixo da pele. Ele libera uma pequena quantidade do hormônio feminino progestagênio etonogestrel, resultando em um efeito anticoncepcional por um período de três anos.

Além de inibir a ovulação, o método também altera o movimento das trompas e deixa o muco do colo uterino espessado, que por sua vez dificulta a passagem dos espermatozoides, impedindo assim a gravidez.

O Implante Anticoncepcional possui poucas contraindicações, principalmente por ser livre de estrogênio, além disso, não dói para colocar, é bem aceito no organismo, sendo um excelente método para mulheres que não desejam engravidar em breve, que estão no pós-parto, inclusive amamentando e para mulheres fumantes, hipertensas, diabéticas ou predisponentes a ter trombose, que não podem usar estrógenos.

O método, como contraceptivo, também se destaca pela praticidade, já que tem um tempo de duração de seis meses a três anos, dependendo do tipo de hormônio; pelo controle, pois a dosagem das substâncias é liberada de forma gradual e constante; e pela segurança, porque não há risco esquecimento, como acontece com as pílulas anticoncepcionais.  

Decisão

Agora que você já conhece as diferenças entre chip e implante hormonal, bem como as controvérsias de utilizar o último para melhorias estéticas e, por outro lado, os diferenciais e benefícios de usá-lo como contraceptivo, o nosso último conselho é que antes de experimentá-lo, busque orientação médica especializada!

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Histeroscopia Cirúrgica: entenda a importância

Histeroscopia Cirúrgica: entenda a importância

Antes de explicarmos sobre a importância da Histeroscopia Cirúrgica, é essencial definirmos também a Histeroscopia Diagnóstica. Vamos lá?

Este exame avalia internamente o útero com a finalidade de auxiliar o diagnóstico de diversas anormalidades intrauterinas como pólipos, miomas, malformações, sinéquias, câncer de endométrio, espessamentos do endométrio, sangramento uterino anormal e pós-menopausa.

Além do diagnóstico de uma série de patologias e distúrbios femininos, a Histeroscopia também trata determinados problemas ginecológicos que, geralmente, necessitam de intervenção cirúrgica. Portanto, estamos falando de dois tipos de Histeroscopia que são: a Diagnóstica e a Cirúrgica.

Agora que você já sabe um pouco mais sobre a Histeroscopia Diagnóstica, leia esse ARTIGO até o final para descobrir o que é a Histeroscopia Cirúrgica, qual é a sua finalidade e importância para a manutenção da saúde feminina e os motivos que levaram os modernos procedimentos histeroscópicos substituírem abordagens terapêuticas mais invasivas.

Histeroscopia Ambulatorial x Cirúrgica

Trata-se de um procedimento ginecológico para o tratamento de patologias benignas intrauterinas, considerado minimamente invasivo e que é associado a um baixo risco de complicações e a uma morbilidade mínima.

A Histeroscopia Cirúrgica também é classificada em dois tipos: a realizada em consultório também chamada de ambulatorial, indicada para procedimentos mais simples, e a Ressectoscopia, recomendada para condições mais complexas que não podem ser tratadas em consultório.

A histeroscopia realizada em consultório surgiu como alternativa complementar à Histeroscopia Diagnóstica e se baseia no conceito “see and treat” (em tradução livre: ver e tratar), utilizando o mesmo material que a Histeroscopia Diagnóstica e outros instrumentos como: pinças, tesouras e ponteiras bipolares para realizar pequenas cirurgias.

De forma mais clara, em um único procedimento pode ser feito o diagnóstico e o tratamento do problema, sem a necessidade de anestesia e dilatação do colo do útero, fora do ambiente hospitalar e com menos riscos de complicações. 

Vale destacar que, com o tempo, os instrumentos histeroscópicos evoluíram bastante e passaram a utilizar equipamentos de vídeo digital, permitindo que o procedimento se tornasse ainda mais eficaz e menos invasivo. A introdução de histeroscópios de menor diâmetro, por exemplo, possibilitou que a histeroscopia se transformasse em uma técnica predominantemente ambulatorial.

Então, em quais casos é realizada a Histeroscopia Cirúrgica?

Diferente da Ambulatorial, para realizar a Ressectoscopia, a paciente normalmente é internada, pois a anestesia (geral ou local) costuma ser necessária. Como citamos, o procedimento é indicado para tratar quadros mais complexos como:

  • Pólipos endometriais múltiplos ou de maiores dimensões não tratáveis em consultório;
  • Miomas uterinos de grandes dimensões ou com componente intramural;
  • Sinéquias uterinas mais espessas;
  • Septos uterinos que possuem maiores dimensões;
  • Restos ovulares e placentares;
  • Hemorragias uterinas (metrorragias) resistentes a outros tratamentos médicos.

O instrumento utilizado neste procedimento é o Ressectoscópio, que se assemelha ao Histeroscópio, porém possui maiores dimensões e maior complexidade. O Ressectoscópio é composto por uma câmara ótica, uma fonte de luz, duas cânulas sobrepostas para a circulação do meio de distensão (líquido) e um canal, que é onde funciona o instrumento cirúrgico (ansa, cilindro ou faca com energia bipolar ou monopolar).

A Histeroscopia é dolorosa?

Muitas pacientes chegam à clínica com uma dúvida em comum: “Dr., o procedimento dói muito?”.

A resposta é: depende!

A Histeroscopia Cirúrgica tem evoluído e se tornado cada vez menos invasiva. Entretanto, a técnica realizada em consultório pode causar certo desconforto na passagem do canal cervical, especialmente se este estiver mais estreito. O momento em que a cavidade uterina é distendida também pode causar um pouco de dor. A Ressectoscopia, por sua vez, não é dolorosa porque é realizada com sedação ou anestesia.

Preparação

Antes de realizar a Histeroscopia Cirúrgica é comum que o médico passe alguns cuidados que devem ser tomados pela paciente, entre os principais:

  • Conforme orientação médica, tomar um comprimido anti-inflamatório uma hora antes do procedimento;
  • Nos casos de espessamento do canal uterino, pode ser necessário colocar um comprimido na vagina, conforme a indicação do ginecologista;
  • Caso a intervenção exija anestesia, a paciente deve ficar em jejum.

Recuperação

Comumente, o pós-operatório da Histeroscopia Cirúrgica é tranquilo. Após acordar da anestesia, a paciente costuma ficar em observação por aproximadamente uma hora, e é liberada quando não sente qualquer tipo de desconforto. Lembrando que, dependendo do quadro e do procedimento, há pacientes que ficam internadas por até 24 horas.

Após a Histeroscopia, muitas pacientes sentem um pouco de dor nos primeiros dias, similar à cólica menstrual. Em alguns casos também ocorre sangramento, que pode se prolongar por três semanas ou até à menstruação seguinte. Na dúvida sobre os sintomas pós-histeroscopia, converse com o médico! Entender o procedimento é essencial para garantir sua tranquilidade e bem-estar.

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O que você precisa saber sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos

O que você precisa saber sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos

Provavelmente você já deve ter ouvido falar na SOP (Síndrome dos Ovários Policísticos), certo? Mas, você conhece os sintomas, como é realizado o diagnóstico e se existe tratamento? 

Não se preocupe se não souber todas estas informações! Neste ARTIGO explicaremos cada um desses tópicos. Boa leitura!

Afinal, o que é a Síndrome dos Ovários Policísticos?

A SOP é considerada um distúrbio hormonal, ou seja, é desencadeada pelo desequilíbrio dos hormônios reprodutivos, que causa a formação de cistos nos ovários, fazendo com que eles aumentem seu tamanho. 

Segundo a FEBRASGO (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), do ponto de vista clínico, esta síndrome possui uma prevalência estimada de 6% a 10% em mulheres no menacme (período de atividade menstrual da mulher), destacando-se, portanto, como uma das desordens endócrinas mais comuns que acomete o público feminino na idade reprodutiva. 

Causas relacionadas 

A determinação das causas e origens da SOP ainda é desconhecida, tendo em vista que vários fatores podem estar relacionados ao seu desenvolvimento. Porém, os desvios do metabolismo lipídico e glicídico, por exemplo, têm sido cuidadosamente estudados, visto que a síndrome atualmente é vista como uma doença metabólica.

O que muda é que não é mais apenas o sistema reprodutor que fica em evidência quando se trata da condição, mas sim o funcionamento do organismo da mulher como um todo. Mas, para que isso fique mais claro, abaixo separamos algumas informações sobre a relação da Síndrome dos Ovários Policísticos com outras doenças:

  • Geralmente está associada à obesidade (50%) e à resistência insulínica (50% a 90%);
  • Aumenta expressivamente os riscos de doenças como: Hipertensão Arterial Sistêmica, Diabetes Mellitus, Síndrome Metabólica e Dislipidemia.

Portanto, como falamos, a síndrome não deve ser avaliada e considerada apenas um distúrbio ginecológico. A abordagem diagnóstica deve ser minuciosa e sistemática, já que envolve outros fatores. 

Sintomas

Normalmente, grande parte das mulheres descobre que tem a Síndrome dos Ovários Policísticos entre os 20 e 30 anos de idade, pois é o período em que observam alguma dificuldade para engravidar. Entretanto, a condição acomete mulheres em qualquer idade após a puberdade.

Agora vamos falar sobre os sintomas? 

Antes de citarmos cada um deles é importante saber que nem todas as mulheres que possuem a síndrome apresentarão todos os sintomas descritos abaixo. Além disso, de caso para caso, cada sintoma pode variar de leve a grave. 

Confira os principais sinais associados à síndrome:

  • Ciclo menstrual irregular: algumas mulheres simplesmente param de menstruar e outras podem ter os períodos alterados, ou seja, eles podem ocorrer a cada 21 dias ou com mais frequência;
  • Hirsutismo, que é o crescimento indesejado de pelos com padrão masculino em regiões como rosto, queixo, peito e costas, que afeta cerca de 70% das pacientes com SOP;
  • Acne facial e em outras regiões como peito e parte superior das costas;
  • Ganho de peso ou dificuldade para perder peso;
  • Alterações dermatológicas como: escurecimento da pele, inclusive em regiões como virilha, debaixo dos seios e ao longo dos vincos do pescoço, bem como marcas que parecem pequenos retalhos excessivos de pele nas axilas ou na área do pescoço;
  • Queda de cabelo no couro cabeludo; 
  • Por fim, um dos principais sintomas: dificuldade para engravidar, que se dá devido à ausência de ovulação ou ovulação irregular. 

Impactos na fertilidade

Como você pôde ler, o último sintoma que citamos e também um dos mais conhecidos é a dificuldade para engravidar. Porém, é importante explicar o porquê a SOP é uma das causas mais comuns de infertilidade feminina. 

Então vamos lá!

A cada ciclo menstrual, que ocorre comumente uma vez por mês, acontece o processo chamado ovulação, que é quando os ovários liberam um óvulo no útero, certo? 

O que acontece no corpo da mulher que sofre com esta síndrome é que ela não costuma ovular, ou, quando isso acontece é em uma frequência bem menor. 

Conclusão: os períodos se tornam irregulares ou nem ocorrem, prejudicando assim a fertilidade da mulher.

Como é realizado o diagnóstico?

O primeiro processo para diagnosticar a SOP é o de exclusão, geralmente fundamentado nos sintomas supracitados, ou seja, o médico avaliará minuciosamente o histórico clínico da paciente, realizará o exame físico e o exame pélvico (detecção de sinais de hormônios masculinos extras e verificação se os ovários estão aumentados ou inchados).

Além disso, solicitará a realização de outros testes como: ultrassom pélvico (verificação do endométrio e dos ovários em busca de cistos) e exames de sangue (verificação dos níveis de hormônios androgênicos). 

Tratamentos da SOP

Por se tratar de uma doença com causas ainda desconhecidas, a abordagem terapêutica consiste na redução dos sintomas e sinais que causam impacto à vida da mulher, e à diminuição dos riscos associados às alterações metabólicas e suas consequências a longo prazo.

A orientação básica após o diagnóstico da síndrome é que a mulher faça algumas modificações em seu estilo de vida, começando por uma reeducação alimentar e pela prática regular de exercícios físicos. 

Para as mulheres com obesidade ou sobrepeso, o emagrecimento favorecerá a queda dos androgênios circulantes, o que melhorará o perfil lipídico e reduzirá a resistência periférica à insulina, regularizando a ovulação e diminuindo os riscos de desenvolvimento de outras doenças como aterosclerose e diabetes.

Além dessas mudanças no estilo de vida, para as mulheres que não desejam engravidar, o médico pode prescrever contraceptivos hormonais orais (anticoncepcionais) que tenham uma dosagem mais baixa, com o intuito de controlar os períodos menstruais e diminuir o risco de desenvolvimento do Câncer Endometrial. 

Cuide da sua saúde!

Se você leu este ARTIGO até aqui, provavelmente conheceu um pouco mais sobre a Síndrome dos Ovários Policísticos e já pode compartilhar com outras mulheres e lembrá-las do quanto é importante colocar a saúde em primeiro lugar.